O INÍCIO
A origem da Ordem dos Cavaleiros do Templo é diretamente vinculada à Primeira Cruzada (1095-09), quando uma legião de cristãos partiu da Europa para o Oriente com o intuito de recuperar o Santo Sepulcro das mãos dos muçulmanos, que o tinha sob seus domínios havia mais de quatrocentos anos.
Foi no Concílio de Clermont, em 1095, que o papa Urbano II convocou os fiéis para uma guerra santa contra o Islão, “É Deus que o quer”, “Ide sob a égide de Cristo” . O papa teria recebido do imperador bizantino Aleixo I Comneno o pedido de ajuda militar contra os infiéis muçulmanos, contudo, muitos outros interesses, legítimos ou não, impulsionaram tanto primeira quantos as outras sete cruzadas, quais sejam, a possibilidade de saquear as cidades que eram tomadas no caminho, acumulando riquezas; de conquistar terras; ou de combater os odiados inimigos pagãos, etc.
Assim, partindo em 1096, e sob as lideranças de Roberto da Normandia, Godofredo de Bulhão, Balduíno da Flandres, Roberto II da Flandres, Raimundo de Tolosa, Boemundo de Tarento e Tancredo, os cruzados passaram “por Constantinopla, onde receberam o apoio do imperador bizantino, os cruzados sitiaram Nicéia; tomaram o Sultanato de Doriléia, na Ásia Menor; conquistaram Antioquia; e finalmente avançaram sobre Jerusalém, conquistada em 15 de julho de 1099, depois de um cerco de cinco semanas.”
Então, Godofredo de Bulhão (ou Bouillon) chefiou Jerusalém até sua morte, em 1100, quando seu irmão, Balduíno I, tomou o título de Rei de Jerusalém em 18 de julho daquele ano.
Jerusalém, por esta época, era um ilha cristã isolada dos condados cristãos de Antioquia e Edessa por vários emirados muçulmanos. O Reino Latino de Jerusalém era, pois, constantemente ameaçado por forças sarracenas que, apesar da derrota na Cruzada, ainda representavam considerável perigo. Além disso, bandos vindos da cidade de Ascalão ameaçavam os peregrinos cristãos que percorriam a estrada que ia de Java à Jerusalém.
Por ser uma “terra sem lei” e possuir áreas vazias em vários pontos da cidade, Balduíno I empreendeu uma política de povoamento em Jerusalém, dando incentivos à imigração e para a permanência dos peregrinos.
Seu primo e sucessor, Balduíno II, que recebeu aquela ameaçada Jerusalém em 1118, então aceitou a oferta de um grupo de cavaleiros dispostos a defender os peregrinos na estrada que unia Java a Jerusalém – linha vital de comunicação, dando origem à Ordem dos Templários.
Edward BURMAN aponta três historiadores que narram a fundação da nova Ordem por estes corajosos cavaleiros:
(1) o arcebispo Guilherme de Tipo, um veemente crítico dos Templários , que, cerca de 50 anos depois dos acontecimentos, relatou ter-se dado a fundação em 1118, quando Hugues de Payens e Geoffroi de Saint-Omer, juntos de outros nobres, fizeram os tradicionais votos da pobreza, castidade e obediência, e receberam do Rei de Jerusalém uma parte ao Norte do Templo do Senhor;
(2) o bispo de Acra (1217-1227) Jacques de Vitry, que teria ouvido a história do Grão Mestre dos Templários Pedro de Montaigu, e relatado mais de um século depois, que em 1119, eram nove os cavaleiros, que serviriam por nove anos, até o Concílio de Troyes (que lhes forneceu a Regra), em 1128; e
(3) o patriarca da Igreja Siríaca de Antioquia, Miguel, o sírio, relatou que após um trágico episódio às vésperas da Páscoa de 1119, quando cerca de 300 peregrinos forma mortos e 60 foram feitos prisioneiros por sarracenos de Ascalão, um grupo de trinta cavaleiros liderados por “Hou[g] de Payn”, recebeu do rei a Casa de Salomão para sua residência e algumas aldeias para seu sustento.
BURMAN rechaça a hipótese de haver qualquer razão mística, “conspiração secreta – ou um conhecimento recém-descoberto” no episódio da fundação, e enumera, citando Du Cange, os nomes dos supostos primeiros cavaleiros do Templo: Hugues de Payens, Geoffroi de Saint-Omer, André de Montbard, Gundomar, Godofroy, Roral, Geoffrey Bisol, Payen de Montdésir, e Archambaud de Saint-Aignan.
Contudo, o próprio BURMAN admite a hipótese da decisão de fundar-se a Ordem haver sido tomada ente 1113-15, quando Hugues de Champagne, suserano leigo de Hugues de Payens e grande proprietário de terras na França do século XII, esteve no Oriente. Hugues de Champagne, doador da terra para a fundação da abadia de Claivaux para (São) Bernardo, teria se encontrado com Payens em 1113, três anos antes de uma provável visita deste à Terra Santa (1116). BURMAN reconhece que o papel de Hugues de Champagne na fundação da Ordem do Templo permanece pouco claro.
Já o português Pedro SILVA defende que Hugues de Champagne esteve com São Bernardo em 1114, quando arquitetaram os fundamentos da futura ordem. SILVA, ainda, aponta Pay[e]ns como a “última vértice do triângulo fundamental nos primórdios da constituição da ordem religiosa” , que funda, em 1118, a ordem religiosa Pauperes Commilitiones Christi Templique Salomonis (“Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”), os Templários, que adotaram a divisa Non nobis, Domine, non nobis sed nomini tuo da gloriam (“Não para nós, Senhor, não para nós a glória, mas só em teu Nome”). Os Templários teriam recebido de Balduíno I (!) modestas acomodações do Templum Salomonis.
O próprio Hugues de Champagne teria juntado-se formalmente à Ordem dos Templários em 1125.
Fundada a Ordem, e após alguns anos de atividade discreta e até enfrentando dificuldades, Hugues de Payens, em 1126, teria viajado de Jerusalém para o Ocidente, a fim de recrutar novos cavaleiros e buscar apoio à nova Ordem.
BURMAN cita o Cartulário da Ordem que inicia com uma carta de Balduíno II (escrita, a julgar pela data de sua morte, ante de 15 de outubro de 1126) a São Bernardo, recomendado-lhe dois cavaleiros (Hugues de Payens e André de Montbard, tio do destinatário), pedindo-lhe que obtivesse a aprovação papal: “Os irmãos Templários, que Deus criou para a defesa de nossa província e aos quais concedeu proteção especial, desejam obter aprovação apostólica e também um Regra para governar suas vidas” .
Crê-se que a viagem de Payens foi exitosa, angariando fundos com doações de nobres e comerciante. Do Ocidente, teria enviado uma carta de encorajamento aos irmãos templários em Jerusalém, documento escrito em latim erudito, com constantes referências às Escrituras Sagradas, lançando o termo “monges-guerreiros” (salientando que, no entanto, deveriam ser mais clérigos que militares), apontando o demônio, senhor do orgulho e da ambição, como o responsável pelo enfraquecimento da vocação inicial dos cavaleiros, e enaltecendo a paciência, a humildade, a perseverança e a responsabilidade como caminhos da salvação.
de Elomar Figueira de Melo;
ResponderExcluirRapto de Joana do Tarugo
Enfrentei fosso muralha e os ferros dos portais
Só pela graça da gentil senhora
Filtrando a vida pelos grãos de ampulhetas mortais
D'além de trás os Montes venho
Por campos de justas honrando este amor
Me expondo à Sanha Sanguinária de côrtes cruéis
Enfrentei vilões no Algouço e em Senhores de Biscaia
Fidalgos corpos de armas brunhidas
Não temo escorpiões cruéis carrascos vosso pai
Enfreado à porta de castelo
Tenho meu murzelo ligeiro e alazão
Que em lidas sangrentas bateu mil mouros infiéis
Ô Senhora dos Sarsais
Minh'alma só teme ao Rei dos reis
Deixa a alcova vem-me à janela
Ó Senhora dos Sarsais
Só por vosso amor e nada mais
Desça da torre Naíla donzela
Venho d'um reino distante, errante e menestrel
Inda esta noite e eu tenho esta donzela
Minha espada empenho a uma deã mais pura das vestais
Aviai pois a viagem é longa
E já vim preparado para vos levar
Já tarda e quase que o minguante está a morrer nos céus
Ó Senhora dos Sarsais
Minh'alma só teme ao Rei dos Reis
Deixa a alcova vem-me à janela
Ó Senhora dos Sarsais
Só por vosso amor e nada mais
Desça da torre Joana tão bela
Naíla donzela, Joana tão belas