domingo, 28 de fevereiro de 2010

ORDEM DE CAVALARIA 10

O CONCÍLIO DE TROYES E APROVAÇÃO DA REGRA



Em janeiro de 1128, reunidos na cidade de Troyes, distante 55 quilômetros da abadia de Clairvaux, Mateus, bispo de Albano e núncio do papa, os arcebispos de Reins e Sens, dentre outros bispos, abades (dentre os quais Bernardo, de Clairvaux), e mestres, realizou-se o famoso Concílio de Troyes.

Também estiveram presentes no Concílio, os seguintes templários : Hugues de Payens, Roland, Godefroy, Geoffroi Bisot, Payen de Montdidier, e Archambaut de Saint-Amand.

Na ocasião, foi aprovada a jovem Ordem e apresentada sua Regra Primitiva (apelidada “Latina”) com 72 artigos, acrescidos de mais quatro em tradução francesa posterior. BURMAN salienta que, diante do crescente número de irmãos, a versão final da regra atingiu seus 686 artigos.

Valendo-se de SILVA, que utilizou Henri de Curzon, destaca-se o Prólogo da Regra, onde São Bernardo critica o desvirtuamento dos cavaleiros de então, incumbindo aos Templários o resgate da pureza inicial das Ordens de Cavalaria:

“1 - Falamos inicialmente àqueles que secretamente desprezam sua própria vontade e com estudado cuidado, desejam usar e usar permanentemente a mui nobre armadura da obediência. Portanto, advertimo-lo a você que até agora levou a vida dos Cavaleiros seculares, para quem Jesus Cristo não era a motivação, mas que você abraçou por favor humano somente, a seguir àqueles a quem Deus escolheu dentre a massa de perdição e a quem ordenou, através de sua misericórdia plena de graça, que defendessem a Igreja Sagrada, e que você se apresse por juntar-se a eles para sempre.

“2 - Acima de tudo, quem for um Cavaleiro de Cristo, escolhendo tais Ordens Sagradas, deverá em sua profissão de fé unir para diligência e firme perseverança, que é tão misericórdia e sagrada, e é sabidamente tão nobre, que se for preservada intocada para sempre, fá-lo-á merecer a estar em companhia dos mártires que deram sua alma por Jesus Cristo. Nesta Ordem religiosa floresceu e está revitalizada a Ordem da Cavalaria. Esta Cavalaria desprezou o amor pela justiça que constitui seus deveres, não fez o que deveria, ou seja, defender os pobres, as viúvas, órfãos e as Igrejas, mas esforçou-se por saquear, espoliar e matar. Deus está conosco e nosso Salvador, Jesus Cristo; Ele enviou seus amigos da Sagrada Cidade de Jerusalém para os limites da França e Burgundy, que, por nossa salvação e a disseminação da verdadeira fé, não cessam de oferecer suas almas a Deus, um sacrifício bem-vindo.

“3 - Então nós, com toda a alegria e irmandade plena, a pedido do Mestre Hugues de Payens, por quem a retrocitada Cavalaria foi fundada pela graça do Espírito Santo, reunidos em Troyes de diversas províncias além das montanhas na festa de meu senhor São Hilário, no ano da encarnação 1.128 de Jesus Cristo, no nono ano depois da fundação da referida Cavalaria. Sobre a condução e origens da Ordem da Cavalaria ouvimos em Capítulo Comum, dos lábios do mestre mencionado, Irmão Hugues de Payens: e de acordo coma as limitações do nosso entendimento, o que nos pareceu e benefício nós apreciamos, e o que nos pareceu errado nós evitamos.

“4 - E tudo que ocorreu no Concílio não pode ser contado nem relatado; e de forma que não fosse assumido descomprometidamente por nós, mas considerado com grande com pureza sábia deixamo-lo para a discreção dos honoráveis pai São Honorius e ao patriarca de Jerusalém, Stephen, que conheceu os deveres do leste e dos Pobres Cavaleiros de Cristo, por cuja recomendação do Concílio Comum, aprovamos por unanimidade. Embora um grande número de irmãos religiosos que se reuniram no Concílio aprovaram a autoridade de nossas palavras, não poderíamos passar silentes pelas sentenças verdadeiras e juízos que emitiram.

“5 - Portanto eu, Jean Michel, a quem foi confiado o divino ofício, por graça de Deus, servi como humilde escriba do presente documento por Ordem do Concílio e do venerável padre Bernardo, abade de Clairvaux.



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