O Templo e a Ordem dos Templários
Procurando vislumbrar “um pouco da história oculta dos Templários”, o Príncipe Asklépius D’SPARTA , afirma que Hugo de Payns, Godofredo de Saint Omer e mais sete cavaleiros, teriam sido encarregados por Bernardo de ‘Claravaux’, um “grande iniciado”, para um trabalho arqueológico nas ruínas do Templo de Salomão a procura da Arca da Aliança, das Tábuas da Lei, do Santo Graal, e da grande biblioteca judaica, esta última contendo os “muito bem guardados segredos da arquitetura”. Isso explicaria o notável avanço arquitetônico na construção de catedrais na Europa, entre 1130 e 1180, com a ascensão do estilo gótico, bem como a razão pela qual os Templários, em 1127, foram recebidos “com honras e glórias pelos reis e nobres”, e ainda pelo próprio Papa.
Mas como poderiam aqueles cavaleiros achar, depois de dois mil anos de destruições e pilhagens, a Arca da Aliança nas ruínas da Casa de Deus, se era justamente a principal peça do Templo construído, inclusive, para guardá-la?
Edward BURMAN, tratando da origem da Ordem do Templo, rechaça a hipótese de haver qualquer razão mística, “conspiração secreta – ou um conhecimento recém-descoberto” no episódio. Admite, entretanto, circunstâncias obscuras no surgimento da Ordem dos Templários: a decisão de fundar-se a Ordem teria sido tomada entre os anos de 1113 e 1115, quando Hugues de Champagne, suserano leigo de Hugues de Payens e grande proprietário de terras na França do século XII, esteve no Oriente. Hugues de Champagne, doador das terras para a fundação da abadia de Claraval (ou Clairvaux ) para São Bernardo, teria se encontrado com Payens em 1113, três anos antes de uma provável visita deste à Terra Santa (1116). O autor reconhece que o papel de Hugues de Champagne na fundação da Ordem do Templo permanece pouco claro.
Piers Paul READ propõe que, em 1104, o conde ‘Hugo’ de Champagne esteve na Terra Santo acompanhado de um grupo de cavaleiros (dentre os quais desconhece se estava ‘Hugo de Payns’). Em 1114, o conde voltaria a Jerusalém, agora (certamente) acompanhado do vassalo, ali deixando-o para, oferecendo apoio ao rei Balduíno II e a Warmund de Picquigny, patriarca de Jerusalém, fundar a Ordem no Natal de 1119. Hugues de Champagne teria se juntado formalmente à Ordem dos Templários em 1125.
Já o português Pedro SILVA defende que Hugues de Champagne esteve com São Bernardo já em 1114, quando arquitetaram os fundamentos da futura ordem. SILVA aponta, ainda, ‘Payns’ como a “última vértice do triângulo fundamental nos primórdios da constituição da ordem religiosa” , que funda, em 1118, a ordem religiosa Pauperes Commilitiones Christi Templique Salomonis, os Templários, por terem recebido de Balduíno I (!) modestas acomodações do Templum Salomonis.
O que se pode arriscar é que Hugues de Payens, vassalo do conde Hugues de Champagne, foi ter com o Balduíno II já com o propósito predeterminado de fundar a Ordem (se é que já não havia sido fundada), tendo recebido (exigido ou negociado) do Rei de Jerusalém as ruínas do Templo de Salomão. Se ali descobriram ou não algum segredo, jamais se saberá. Mas é certo que uma Ordem de cavaleiros, dentre tantas que nasciam e morriam naqueles tempos, que tinha a função de proteger os peregrinos que visitavam a Jerusalém recém reconquistada, recebeu honrarias e donativos exagerados para a simplicidade daquilo a que se propunham, sendo inclusive convocado um Concílio (de Troyes) para a obtenção da benção papal e aprovação de sua Regra.
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