quarta-feira, 23 de junho de 2010

MERCHANDISING 4

A LENDA DO TEATRO CARLOS GOMES

O advogado Fernando Henrique Becker Silva lançou seu romance policial intitulado O Segredo do meu Avô. Na obra é narrada a história, um boato, de que o Teatro Carlos Gomes teria sido construído para receber Adolf Hitler e que, como alternativa para o Fuhrer, deles partiriam vários túneis secretos para diversos pontos de Blumenau.

“Este é um romance policial infanto-juvenil que explora esta famosa lenda urbana que intriga e instiga a curiosidade de jovens há várias gerações”, afirma Fernando.

Desde 1991, quando o autor mudou-se para Blumenau, a lenda do Teatro Carlos Gomes sempre o intrigou. “Estupefato, decidi que um dia escreveria sobre o assunto”.

“O principal objetivo é incentivar a leitura e despertar o interesse pelo estudo da história no público infanto-juvenil, para o que procurei atrai-lo através da (talvez maior) lenda urbana blumenauense. Outro propósito foi percorrer - ainda que não se trate de um livro autobiográfico - sobre a encantadora cidade em que cresci. O que se fazia, o que acontecia... É uma homenagem que faço a Blumenau”.

Fernando Henrique Becker Silva é formado em direito e atualmente atua como advogado e professor universitário. Natural de Florianópolis, reside em Blumenau desde 1991. É advogado, professor universitário e escritor.

Seus escritores preferidos são Érico Veríssimo e Gabriel Garcia Márquez. Além de O Segredo do meu Avô, Fernando publicou outros dois livros de história: Fraternidade, em 2002, e Zur Friedenspalme, em 2005; além dos romances Aprendiz de Cavaleiro e Caranapá e o Povo sem Sono.

“Desde que aprendi a ler e a escrever, sonhava em ser escritor. Tanto que, aos sete anos de idade, rascunhei meu primeiro livro, um romance ambientado no Velho Oeste. Desde então, sempre me preparei - lendo tudo que caía em minhas mãos - para me tornar um escritor”, afirma.

Quando questionado sobre a participação de sua família no gosto pela cultural, Fernando é incisivo. “Desde sempre meus pais me ensinaram, pelo exemplo, a importância da leitura na formação intelectual. Além disso, a biblioteca da casa de meus pais sempre foi muito rica. Sempre ouvi que a educação e a cultura seriam minha única herança”.

Apesar de ser um romance policial infanto-juvenil, o livro é indicado para adolescentes e adultos não apenas de Blumenau, mas de todo o Brasil. Apesar de ser ambientado em Blumenau (e aqueles que não a conhecem podem ver imagens de cenários citados no livro através do site http://www.osegredodomeuavo.com.br/), o romance trata de dilemas enfrentados por jovens do mundo todo.

Notícia: TÚNEIS SECRETOS, A LENDA URBANA BLUMENAUENSE

Entrevista publicada na Revista O CENTRO, de Blumenau, ed. jun/2010


Entrevista com o advogado e escritor Fernando Henrique Becker Silva



TÚNEIS SECRETOS, A LENDA URBANA BLUMENAUENSE

Há muito tempo circulam, em Blumenau, boatos em torno de supostos caminhos subterrâneos feitos quando da construção do Teatro Carlo Gomes. Reza a lenda que túneis ligavam vários pontos da cidade, sendo que alguns deles existiriam até os dias de hoje. Fernando Henrique Becker Silva, 31 anos, advogado e professor universitário, abordou o tema no romance policial intitulado “O segredo de meu avô”.

ROC- A pergunta que não quer calar: os supostos túneis existem?

Fernando: Se existem ou não, eu não sei. O que sei é que existe a lenda! Todos os túneis que descrevo no livro são fictícios, porém suas localizações no romance são baseadas em relatos de pessoas e na lenda em si. Depois que o livro foi publicado, vários leitores vieram me relatar de suas experiências nos túneis.

ROC: Como e quando essa lenda chegou até você?

Fernando: Sou natural de Florianópolis e vim morar em Blumenau no início da década de 1990. Já no primeiro ano aqui na cidade, tomei conhecimento da lenda dos túneis secretos através dos colegas de escola, o que me deixou fascinado. Foi quando surgiu a idéia de escrever o livro. Até hoje esta lenda passa de boca em boca nos corredores escolares de Blumenau.

ROC: Onde se localizam os supostos túneis?

Fernando: A lenda mais antiga traz que um túnel interligaria os colégios Sagrada Família e Bom Jesus, além do Pedro II. Dizem também que outros túneis partem do Teatro Carlos Gomes, que teria sido construído para receber Hitler.

ROC: Existem várias histórias em torno dos túneis. Você pode relatar uma delas?

Fernando: Um leitora contou, através do site (www.osegredodomeuavo.com.br), que estudava no Colégio Sagrada Família nas décadas de 1950-60 e um dia ela e suas amigas fizeram uma armadilha na entrada daquilo que suspeitavam ser o túnel. Resultado: fisgaram o padre, que usava o túnel para entrar no colégio, todas as manhãs, para celebrar a missa das cinco!

ROC: É possível que com as enchentes que aconteceram em Blumenau, os túneis tenham inundado?

Fernando: As pessoas que defendem que os túneis não existem alegam que eles são, na verdade, galerias para escoamento da água da chuva. Desta forma, os “túneis” encheriam de água toda vez que chovesse mais forte. Alguns túneis descritos no meu livro são cheios de lama.

ROC: O livro chama atenção por trazer uma história particularmente blumenauense. No seu olhar, qual tem sido a repercussão dele?

Fernando: Os leitores blumenauenses, jovens e adultos, têm se identificado com o livro porque a lenda faz parte do patrimônio cultural da cidade há décadas. Por se tratar de um assunto tão instigante, a repercussão do livro tem sido ótima!

OSNI DE MEDEIROS RÉGIS (continuação)

Filho de Clarimundo Régis e de D. Júlia de Medeiros Régis, OSNI DE MEDEIROS RÉGIS nasceu em 1.º de dezembro de 1917, em Florianópolis, Santa Catarina.

A mãe Julia de Medeiros havia sido casada com o Cel. Pedro Demoro (que dá nome a uma importante rua no bairro Estreito, em Florianópolis). Viúva, casou-se com o feitor de estradas Clarimundo Régis (que, por sua vez, vinha da união com D. Maria Swalb), com quem teve outros três filhos, Jacy Régis, Osni de Medeiros Régis e Nery de Medeiros Régis.

Nascido e criado no Estreito, onde fez os estudos primários, Osni concluiu o curso ginasial no Colégio Catarinense, no ano de 1935.

Em 1943, graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Santa Catarina. Formado, mudou-se para a cidade de Lages a convite de Vidal Ramos Júnior, para ser professor e diretor do Instituto de Educação de Lages, quando ingressou na política através do PSD.

No pleito municipal de 03 de outubro de 1950, foi eleito o décimo quinto Prefeito do Município de Lages, pelo Partido Social Democrático (PSD), tomando posse em 31 de janeiro do ano seguinte, tomando o assento do Sr. Vidal Ramos Júnior.

Segundo Licurgo Costa (in O continente das Lagens: sua história e influência no sertão da terra firme. v.4. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1982), a boa administração no Paço Municipal credenciou Osni Régis a concorrer a uma cadeira na Assembléia Legislativa na eleição de 03 de outubro de 1954.

Eleito deputado estadual, Régis encaminhou à Câmara de Vereadores, a 21 de dezembro de 1954, o pedido de renúncia do cargo de chefe do Poder Executivo nas eleições daquele ano, sendo substituído pelo correligionário Valdo da Costa Ávila.

O diploma do Deputado Osni de Medeiros Régis foi apresentado no dia 28 de fevereiro de 1955 e julgado de acordo, pelo Presidente eventual, Deputado Antônio Palma, na mesma data, quando tomou posse.

Na capital do Estado, passou a integrar o corpo docente da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, por quem publicou as obras “Classe social e poder” (1955) e “Aspectos demográficos do trabalho” (1960).

Em 1959, foi reeleito Deputado Estadual, ainda pelo PSD, à 4ª Legislatura (1959 – 1963).

O Diploma do Deputado Osni de Medeiros Régis, foi apresentado no dia 1º de fevereiro de 1959 e julgado de acordo, desta vez pelo Presidente Deputado Francisco Canziani, oportunidade em que tomou posse.

Foi Secretário de Estado da Viação e Obras Públicas.

Em 17 de janeiro de 1962, assumiu a Secretaria da Educação e Cultura do Estado de Santa Catarina, durante o governo do também lageano Celso Ramos (1961-1966).

Na eleição de 07 de outubro de 1962, elegeu-se Deputado Federal pela primeira vez, pelo PSD, com 23.023 votos.

Na eleição de 15 de novembro de 1966, foi reeleito Deputado Federal, agora pela Aliança Renovadora Nacional – ARENA, com a votação de 22.306.

Quatro anos mais tarde, em 1970, foi eleito suplente de Deputado Federal com 23.611 votos.

Casado em duas núpcias. Em segundas núpcias com Maria Helena Camargo Régis, havendo descendência de ambos os matrimônios.

Faleceu em 25 de janeiro de 1991.

Em 30 de abril do mesmo ano, recebeu o honroso título de Professor Emérito post mortem da Universidade Federal de Santa Catarina.

No ano de 1999, foi postumamente agraciado com o Prêmio “Educador Elpídio Barbosa”, outorgado pelo Conselho Estadual de Educação do Estado de Santa Catarina, destinado àqueles que se destacaram no desenvolvimento do ensino no âmbito estadual.

Tamanho o prestígio e o reconhecimento por sua cultura, que o ex-deputado Osni de Medeiros Régis dá nome, ainda, a uma rua no seu querido bairro Estreito, a escolas, bibliotecas e fundações.

OSNI DE MEDEIROS RÉGIS

Quem foi o homem que empresta seu nome ao plenário da Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina?

As paredes caiadas que viram nascer e crescer Osni de Medeiros Régis eram testemunhas de vários encontros políticos havidos naquela casa no bairro do Estreito. Eram assíduos freqüentadores da casa ilustres cidadãos, políticos de proa, como Fúlvio Aducci e o culto Lauro Severiano Muller. As visitas naquele lugar se davam graças ao prestígio do casal Júlia de Medeiros e Coronel Pedro Demoro.

Tamanho o conceito que o Lauro Muller tinha naquele lugar que um dos filhos do casal acabou recebendo o mesmo nome em seu preito.

(continua...)

Contículo triste

O jovem viúvo sentava-se inconsolável num dos cantos daquela sala tomada de curiosos que apostavam o destino daquela família agora sem mãe. Não criara coragem para tocá-la um dedo – ele, que adormecia enlaçando-os entre os cabelos da mulher, naquela condição não ousara sequer chegar-lhe perto. Diferente da corja de vizinhos e parentes distantes, não fazia noção de como seria a vida dele e de seus rebentos dali por diante. Desejava fosse ele quem tivesse ido. Queria, ao menos, protegê-la através dos mistérios que vivenciaria através da morte, mas lembrando dos pequenos escondidos pela tia da imagem da mãe morta, o pensamento do pai esvaiu-se na penumbra da sala.

A morte venceu-a quando seu sangue por fim aguou, após várias gravidezes quase ininterruptas. Seis crias esquálidas e três pobres anjos falecidos nos dez anos de casamento. Ela, quem ele conheceu tão jovem e forte, foi perdendo o brilho de ser e no olhar depois do sexto; proibida de novamente gerar pelo especialista da época e dali, mais três vezes ganhou barriga e na última não houve jeito nem reza: três semanas assistida pela mãe recém viúva, deixou a vida, serena como a atravessou. Os filhos não pôde abençoar e contam que morreu dedicando-lhes as últimas preces. O marido deixou às lágrimas, desesperados os dois diante da iminente separação.

As preces foram se apagando, a madrugada adentrando pela sala e de repente ele se viu só. Ergueu-se e finalmente deixou seu canto. Fez gesto de se aproximar do caixão, mas rendeu-se ao medo (de querer ir junto) e recuou. Os pais mortos beijou sem pudor ou receio, mas dela não se permitia sequer sobre as mãos descansar as suas. Desde que ela adoecera não mais conseguia rezar e sem orações adormeceu entre os seis filhos amontoados no chão de um dos quartos. Os três mais velhos – a quem ninguém quis dar conta da tragédia – despertaram do sono inocente e a passos cautelosos ganharam o corredor que levava à sala. Dali espiaram assombrados o triste quadro. Foram, contudo, tranqüilizados pela mãe, que de pé diante do próprio corpo, sorria-lhes amavelmente. E houve entre os quatro tal cumplicidade que o pai estranhou a tranqüilidade que demonstraram quando lhes deu a temerosa notícia ao nascer do dia em que a mãe descansaria em derradeiro leito, sob a tutela do tempo.

Dado o último adeus à mãe em carne, partiram pai e filhos, a pé, rumo ao destino apostado pelas carpideiras na véspera.