“Vai e diz a meu servo Davi: Assim, diz o Senhor: Tu me construirás uma casa para minha habitação? Porque não habitei em casa, desde o dia em que fiz subir do Egito os filhos de Israel até o dia de hoje, mas tenho andado em tenda e tabernáculo. Para onde tenho andado com os filhos de Israel, falei porventura alguma palavra a qualquer das suas tribos a que mandei apascentar o meu povo de Israel, dizendo: Porque não edificais uma casa de cedro? (…) Quando teus dias terminarem e dormires com teus pais, então estabelecerei depois de ti um dentro de tua descendência, que sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Ele construirá uma casa ao meu nome e eu fortificarei eternamente o seu reino” (2 Samuel, 7: 5-7, 12-13)
Portanto, foi Salomão quem mandou construiu o Templo em nome de Deus. Seu pai, o Rei Davi, teria se justificado porque a si não coube tal honra:
“(…) Filho meu, tive em meu coração a proposta de edificar casa ao nome do Senhor meu Deus. Porém, veio sobre mim a palavra de Deus, dizendo: Sangue em abundância derramaste, e grandes guerras tens feito, não edificarás a casa para meu nome, pois sangue em abundância tens derramado na terra, em minha presença.” (1 Crônicas, 22:7-8)
Davi tinha suas mãos sujas de sangue porque durante seu reinado lutara contra os filisteus, além de ter guerreado contra as tribos de Moabe, Amom, Edom, e Aram. Todavia, o sapientíssimo Salomão (1 Reis, 3:5-12) valeu-se de eufemismo para explicar ao Rei Hiran, de Tiro, que seu pai não realizara a obra por pura falta de tempo:
“Tu sabes que Davi, meu pai, não pôde construir o templo para o nome do Senhor, seu Deus, por causa das guerras que o cercavam, até que Deus colocou seus inimigos debaixo da planta de seus pés. E agora, porém, o Senhor, meu Deus, me deu paz de todos os lados, e não há mais adversários, e nenhum mal encontro.” (1 Reis, 5:3-4)
Mesmo sendo no reinado de Davi que os primeiros preparativos para a construção foram feitos (1 Crônicas 22; e 28:11), a obra teve início no quarto ano do reinado de Salomão, três anos após a morte de seu pai, no segundo dia do segundo mês, Zive (provavelmente no mês de maio do ano de 966 a.C. ), quatrocentos e oitenta anos após a saída do povo de Israel do Egito.
Foi edificado sobre o Monte Moriá, na eira do jebuseu Araúna (Ornã, ou Aarão), perto do lugar em que Abraão esteve prestes a oferecer seu filho Isaac em holocausto, e perto também de onde o Rei Davi, que havia provocado a ira de Deus por inadvertidamente levantar o censo de seu povo, encontrou e apaziguou o Anjo que destruiria Jerusalém (2 Crônicas, 3:1).
Tratando da construção do Templo, HORNE cita a interpretação das Velhas Instruções por George F. Fort:
“(…) Este rei [Salomão] coligiu, de vários países do mundo, uma classe maior de operários especializados, que totalizavam oitenta mil talhadores de pedras. Entre outras mudanças que levou a efeito, Salomão escolheu três mil dentre os mais hábeis operativos e colocou-os como governadores ou superintendentes da obra. Todos eles foram classificados sob o termo geral de Maçons. Nessa ocasião Salomão recebeu inúmeras indicações lisonjeiras do espírito amistoso de soberanos vizinhos e, entre outros, de Hirão, de Tiro, que lhe ofereceu os recursos do reino tírio. Por esta maneira, o rei de Israel pôde conseguir a madeira essencial à construção do templo. Um filho de Hirão, chamado Ainão, foi nomeado Mestre Maçom dessa grande obra e distinguiu-se particularmente pelos seus conhecimentos de geometria. Era o mestre principal de todos os Maçons empenhados na construção do templo judaico, e um mestre proficiente do entalhar e do esculpir, e de todos os tipos de maçonaria exigidos pelo sagrado edifício.”
Este Ainão (Hirão Abiff, Hurão, ou Adonirão) teria recebido a mesma inspiração divina que Bezalel, o construtor das instrumentálias do Tabernáculo. Foi Hirão Abiff, segundo a Bíblia, quem fundiu as colunas de bronze e fez os objetos de metais valiosos que compunham o interior do Templo de Salomão.
Enquanto a tradição maçônica aponta-o como filho do Rei de Tiro, na Bíblia consta que seu pai era um homem de Tiro, e sua mãe era da tribo de Naftali (1 Reis, 7:14).
Talvez pela divina advertência de que, caso construído um altar de pedras para Deus, não se usasse “pedras forjadas” (ferramentas) para cortá-las (Êxodo, 20:25), sabe-se que na construção do Templo foram utilizadas madeiras já cortadas e preparadas na própria Floresta do Líbano (2 Crônicas, 2:16), e pedras extraídas nas pedreiras e planícies de Zeredatá, também já devidamente cortadas, esquadriadas e numeradas para serem somente encaixadas no local da construção, de modo que no canteiro de obras em Jerusalém só houvesse harmonia e paz entre os pedreiros, uma vez que não se ouviu barulho de martelos, machados ou qualquer outra ferramenta (1 Reis, 6:7).
A narrativa contida no Antigo Testamento conta 153.300 trabalhadores envolvidos na obra, que foi concluída em sete anos e seis meses: no oitavo mês, Bul, do décimo primeiro ano de reinado de Salomão (1 Reis, 6:38); por volta, portanto, de novembro de 959 a.C.
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